A relação entre saúde e alimentação desperta muitas dúvidas, especialmente quando o assunto envolve o glúten.
Embora muitas vezes confundidas, a Doença Celíaca e Intolerância ao Glúten têm causas, sintomas e tratamentos distintos. Vou esclarecer cada uma delas!
Doença Celíaca (DC):
A Doença Celíaca é uma condição autoimune que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos. Quando pessoas com Doença Celíaca ingerem glúten, o sistema imunológico ataca o intestino delgado, causando inflamação e danos na mucosa intestinal.
- Sintomas principais: Diarreia crônica, dor abdominal, anemia, perda de peso e, em crianças, atraso no crescimento. Entretanto, é
Entretanto, é importante destacar que nem todos os pacientes com Doença Celíaca apresentam sintomas abdominais. A condição pode se manifestar de forma atípica, com sinais que incluem anemia de causa desconhecida, perda de peso inexplicável, osteoporose precoce, infertilidade, alterações hepáticas sem motivo aparente e lesões cutâneas características, como a dermatite herpetiforme.
- Diagnóstico: a presença de anticorpos específicos que podem ser detectados por exames de sangue, auxiliam no diagnóstico. O processo autoimune provoca alterações na mucosa do intestino delgado, como atrofia das vilosidades intestinais, que podem ser identificadas por meio de biópsias realizadas durante a endoscopia digestiva alta. Esses autoanticorpos e alterações histológicas são importantes para o diagnóstico.
Em alguns casos, entretanto, pode haver achados discordantes, como autoanticorpos positivos e biópsias aparentemente normais ou com alterações mínimas.
A avaliação cuidadosa de um gastroenterologista é essencial para assegurar um diagnóstico corretoe orientar o tratamento adequado.
- Tratamento: Dieta rigorosamente isenta de glúten por toda a vida. Mesmo pequenas quantidades podem desencadear danos ao intestino.
É fundamental enfatizar que a restrição do glúten na dieta só deve ser adotada após uma investigação completa e criteriosa. Iniciar a dieta sem um diagnóstico definitivo pode mascarar os resultados de exames importantes, dificultando a identificação da Doença Celíaca ou de outras condições relacionadas ao glúten.
Por isso, é essencial que qualquer modificação alimentar seja feita sob orientação médica e somente após a conclusão de todas as etapas diagnósticas.
- O tratamento deve incluir o acompanhamento de um nutricionista especializado, prevenindo deficiências e promovendo uma dieta equilibrada.
Intolerância ao Glúten Não Celíaca (IGNC):
Diferente da Doença Celíaca, a Intolerância ao Glúten Não Celíaca não é uma doença autoimune nem causa danos permanentes ao intestino. É uma condição na qual o consumo de glúten leva a sintomas desconfortáveis em algumas pessoas, sem que haja inflamação comprovada no trato gastrointestinal.
- Sintomas principais: Sensação de inchaço, gases, fadiga e dor abdominal. Esses sintomas desaparecem com a retirada do glúten.
- Diagnóstico: É um diagnóstico de exclusão, feito após descartar Doença Celíaca, outras intolerâncias alimentares e alergia ao trigo.
Tratamento: A restrição ao glúten pode ser parcial ou total, dependendo da tolerância individual.
Conclusão
A diferença entre a Doença Celíaca e a Intolerância ao Glúten está no mecanismo e na gravidade da condição. Se você apresenta sintomas relacionados ao consumo de glúten, é importante buscar orientação médica para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.
Rubio-Tapia, A.,et al. (2022). American College of Gastroenterology Guidelines Update: Diagnosis and Management of Celiac Disease. The American Journal of Gastroenterology, 118(1), 59-76.
Leonard, M. M., et al. (2017). Celiac Disease and Nonceliac Gluten Sensitivity: A Review. JAMA, 318(6), 647–656.
Acredito na união entre ciência e empatia para oferecer um cuidado ético, humano e personalizado, priorizando o diálogo e a qualidade de vida de cada paciente.